quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Uma menina chamada Brasília...

Um dia me perguntei como eu seria, o que seria de mim se meu destino não tivesse mudado tão bruscamente, se o meu futuro não me tivesse sido confiscado? Quase fui arrancada "à fórceps" da minha cidade natal...
Me roubaram, pensei! Foi-me tirada todas as possibilidades...
Muitas de minhas lembranças de infância estão lá... na cidade natal.
Como uma fazendinha que na minha memória era colorida como o cantar a alvorada, uma vaca parda de grandes chifres e eu cantando pra ela, sentada na janela...
São memórias, mas que não é a gente, faz parte da gente, mas não é e basta um pequeno “insight” pra entender que tem coisas que não é pra ser da gente, pra gente... 
Então, passando pela rua de trás, lá naquele anexo, onde ficam os ministérios, pensei na beleza dessa menina chamada Brasília e entendi que a gente está onde tem que estar e vive aquilo que tem pra viver. 
Dirigindo e com o celular torto, tentando passar a marcha entre um quebra mola e outro eu paro na faixa, (porque aqui nos paramos na faixa! Rsrs), e a cidade tão vazia, deixou-me tranquila, mesmo passando a marcha de um jeito desajeitado e me escondendo daquele carrinho amarelo do Detran que se aproximava ao lado, constatei, que aqui encontrei meus melhores amigos, amigos esses que também não nasceram aqui, viemos de tantos lados, pela esperança de dias melhores por nossos pais... 
Possibilidades!
Aqui vivemos os melhores abraços e beijos, choramos juntos nossas paixões, as desilusões ao som dos melhores rock`s dos anos 80 e 90, as melhores festas aconteceram aqui, eu juro! 
Nossas risadas, as vergonhas, (não existia filmagem, graças a Deus! Kkkk), nos porres da adolescência, nossos primeiros namorados, casamento e filhos...
É certo que no Goiás deixei um pedacinho do meu coração e a possibilidade do que não foi vivido, mas sonhado, entretanto, em Brasília, aconteceu a vida!
Fiquei feliz, porque sou o que sou por tudo que vivi, não fui plantada aqui, mas aqui floresci...
E hoje, ouvindo o Oswaldo Montenegro, com vontade da pizza do Dom Bosco, algumas amigas me disseram ao ver o vídeo: “Sil, eu amo essa cidade” e a gente ama mesmo... 
A gente ama a cidade saudade, a cidade lembrança, a cidade amor, a cidade paixão, a cidade vida!
Uma menina...

Silvana Jacob 
30 de fevereiro de 2021